quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Já Não Me Importo



 Já não me importo

Já não me importo

Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.

Nada me resta

Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda irei

Indiferente

A quem sou ou suponho que mal sou,

Fito a gente

Que me rodeia e sempre rodeou,

Com um olhar

Que, sem o poder ver,
Sei que é sem ar
De olhar a valer.

E só me não cansa

O que a brisa me traz
De súbita mudança
No que nada me faz.

Fernando Pessoa

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