sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Perfume



Perfume


Envelhecido resta no frasco fosco
Restos amilcarados de teu perfume
A contrastar com as frias paredes
Trágico cenário,alma presa na rede


Sentimentos emaranhados no mofo
Atolados na insana areia movediça
Onde os dias teimosos os arrastam
Saudade plangente que a dor atiça


Sonhos inúteis expostos no presente
Insuportável solidão do amor ausente
Cachoeiras de pranto banham os dias
Neste empurrar a vida entre a agonia


Perfumados desejos florescem alheios
Aplacados pela realidade que o levou
Reviver diário das muitas lembranças
Passagem obrigatória das esperanças.


No aroma do ontem mora a saudade
Na angústia do hoje pobre realidade
Onde na morte diária do ágil tempo
Flutua a alma no infindável tormento.

Ana Stoppa

Quero um homem


Quero um homem
que toque minha alma,
que entre pelos meus olhos
e invada meus sonhos.
Quero que me possua inteira,
corpo e alma,
fazendo dos meus desejos
breves segundos de êxtase
o prazer do encontro total.
Quero sentir seus braços longos
envolvendo meu abraço,
seus lábios mudos
calando o meu silêncio
sem precisar nada dizer...
apenas me olhando
com olhos negros e úmidos
e me tomando devagar,
como o mar avança na praia,
como eu sei que tem que ser
e sei que um dia será.

Basta Olhar-te...


 Basta Olhar-te...

Minha alma,na tua alma.
Nuvem que veio com o vento.
Passou por um instante.
Roçou por um momento.
Sobe o sol a noite desce.
Dia e noite são me iguais.
Se tu chegas amanhece.
Fica noite se tu vais...
Os meus olhos são de cego.
Para que de ti se aparte.
Só em te ver os emprego.
Mal me bastam para olhar-te...

Aquilo Que Não Fomos


Aquilo Que Não Fomos

Ninguém tem culpa
daquilo que não fomos.
Não ouve erros.
Nem cálculos falhados.
Sobre a estipe de papel;
Apenas não somos os calculistas.
Porem os calculados.
Não somos os desenhistas.
Mas os desenhados.
E muito menos escrevemos versos.
E sim somos escritos.
Ninguém é culpado de nada.
Neste estranhar constante.
Ao longe uma chuva fina.
Molha aquilo que não fomos...

Paulo Bonfim

Apoteose do Amor


Apoteose do Amor
 
Deus, só Deus
Sabe que os olhos teus
São para mim
Dois faróis clareando o mar
Na fúria do mar
Onde naufraga uma barca
Que o leme perdeu
Coitada, essa barca sou eu
A naufragar
Na existência que é o mar
Socorre-me com a luz desses faróis
Que são teus olhos azuis
São dois lírios os teus seios alabastrinos
Quase divinos
Parecem feitos para o meu beijo
Muito almejo dos lábios teus
Por um som
Pela glória do nosso amor
Musa dos versas meus
Inspira-me por quem és
Minha alma, bendito amor
Curvada aos teus pés
Rosa opulenta
Que o meu jardim ostenta
A queima em dor
Inspiração do meu amor
Eu nem sei por que foi que te amei
Pois tudo em ti é formosura e singular
Amei teu perfil
Amei teus olhos azuis
Eu amei teu olhar
Por fim nem tens pena de mim
Que sofro e choro
Na ânsia de te amar
Ah, triste de quem
Vive a chorar por alguém

Cândido das Neves