quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

PERGUNTO-TE ONDE SE ACHA A MINHA VIDA


PERGUNTO-TE ONDE SE ACHA A MINHA VIDA

Pergunto-te onde se acha a minha vida.

Em que dia fui eu. Que hora existiu formada
de uma verdade minha bem possuída

Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.


E a quem é que pergunto? Em quem penso, iludida

por esperanças hereditárias? E de cada
pergunta minha vai nascendo a sombra imensa
que envolve a posição dos olhos de quem pensa.

Já não sei mais a diferença

de ti, de mim, da coisa perguntada,
do silêncio da coisa irrespondida.

Cecília Meireles

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