quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Tanto do bem humano



Quando da bela vista e doce riso
Tomando estão meus olhos mantimentos,
Tão elevado sinto o pensamento,
Que me faz ver na terra o Paraiso.

Tanto do bem humano estou diviso,

Que qualquer outro bem julgo por vento;
Assi que em caso tal, segundo sento,
Assaz de pouco faz quem perde o siso.

Em vos louvar, Senhora, não me fundo,

Porque quem vossas cousas claro sente,
Sentirá que não pode merecê-las.

Que de tanta estranheza sois ao mundo,

Que não é d´estranhar, Dama excelente,
Quem vos fez, fizesse Céu e estrelas.

Luís de Camões

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