terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A bunda, que engraçada

A bunda, que engraçada

A bunda, que engraçada.

Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai

pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora — murmura a bunda — esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas

em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte

por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz

na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.

A bunda é a bunda

redunda.

Carlos Drummond de Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário